AGIR COM MATURIDADE
Eis que chega a hora e não dá mais para mudar o foco. É mergulhar profundamente para, de forma consciente, trazer à tona o melhor para a minha vida, no peso e na quantidade possível de ser carregada neste momento.
A cabeça pode estar a mil por hora, fazendo planos, projetos, mas, o organismo, o corpo físico, esse sim, é o balizador, o termômetro da vida, da qualidade da vida que eu ainda posso ter, para viver da melhor forma possível.
Os arroubos da juventude, mesmo contra a vontade, vão sendo guardados no baú das lembranças, aquele que só abrimos esporadicamente, para rever, não deixar cair no esquecimento e, para aqueles que são eternos saudosistas, o que não é o meu caso, chorar suas lembranças.
Faço uso das minhas, unicamente com intuito de não esquecer os bons momentos, o belo patrimônio construído ao longo do tempo e as ricas experiências adquiridas, que serviram para preencher esse currículo de vida que apresento hoje, onde quer que chegue, com muito orgulho.
Não guardo tristezas nem decepções, não guardo nada que não sirva para acrescentar às coisas boas e positivas que merecem destaque e são motivo de orgulho.
Como produto do meio que sou, tenho prazo de validade que deveria ser, rigorosamente, observado. Entretanto, como bom brasileiro, nem sempre sigo, na íntegra, as normas de fabricação e, se as sigo, faço com aquele nosso jeitinho, para ver até onde consigo ir, além do prazo previsto.
Mas, o prazo existe e, à medida em que vai se aproximando do seu limite de validade, os resultados apresentados já não são os mesmos e, apesar da persistência no uso, não oferecem a mesma segurança, a mesma qualidade de vida.
Resta-me pensar e decidir quais as metas que ainda poderei alcançar, com satisfação e possibilidade de obter bons resultados, dentro dos níveis atuais que ainda disponho.
Não há tempo para pensar. Ele não para e, como nele estou inserido, sigo, tomando minhas decisões, alterando os percursos, adaptando-os às atuais condições, mas sempre otimista, sempre acreditando ser possível chegar, atingir, tentando, sem temer, vencer todos os obstáculos que surgem no meu caminho, um de cada vez, tudo ao seu tempo mas, sempre dentro das minhas possibilidades.
Chamo isso de maturidade. Sinto-me feliz em perceber que, finalmente, estou conseguindo entendê-la e, ao mesmo tempo, alcançá-la.
Não é fácil para ninguém, muito menos para mim, que sou rebelde, reconhecer e aceitar, que a maturidade nos mostra as limitações que a vida nos impõe.
Ter coragem e vontade de executar um projeto achando, dentro das minhas atuais condições, ainda ser possível realizá-lo, contrapõe- se ao que a maturidade mostra, de forma direta, sem rodeios e com argumentos sólidos, que já não há mais tempo para agir da forma desejada.
Tal constatação não significa bater em retirada e abandonar a missão. Há outras formas de torná-la viável, embora seja necessário rever as estratégias e criar novos planos que me levem a situações, realidades que, na pior das hipóteses, me tragam resultados semelhantes aos que tenho e usufruo hoje, nunca inferiores e que sejam compatíveis com a capacidade do meu exército.
Considero uma vitória o fato de aceitar com resiliência e alto grau de entendimento as transformações e as limitações que a vida me impõe, enfatizando, acima de tudo, a capacidade de enfrentamento adaptação e de superação, ferramentas de uso diário, que carrego em minha bagagem de mão.
Dar a passada de acordo com o ângulo de abertura que hoje consigo impor às minhas pernas, de forma confortável, terá que ser minha nova estratégia e assim será, daqui por diante: agir, não só por impulso ou desejo, mas acima de tudo, com segurança e com maturidade.
Alfredo Gazzaneo Brandão
12/05/2023